Lobos-marinhos resgatados feridos são devolvidos ao mar

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Lobos-marinhos foram devolvidos ao habitat natural em Tramandaí. Toto: Litoral na Rede
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Equipe do Ceclimar foi mobilizada para transportar os lobos-marinhos até a praia.Foto: Litoral na Rede
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O macho e a fêmea chegaram ao Centro de Reabilitação, em Imbé, com ferimentos e debilitados.Foto: Litoral na Rede
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Durante alguns dias, eles foram medicados e receberam alimentação.Foto: Litoral na Rede

Dois lobos-marinhos resgatados no Litoral Norte nas últimas semanas foram reabilitados e devolvidos ao mar. Um dos animais é um macho encontrado na beira da praia no Balneário Jardim do Édem, em Tramandaí, no dia 03 de agosto.  O outro é uma fêmea localizada no dia 18 de agosto no Balneário Quintão, em Palmares do Sul.

O macho tinha um grave ferimento em uma das nadadeiras e a fêmea estava bastante debilitada. Ambos foram encaminhados para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (Ceram), do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar/UFRGS), em Imbé. No Ceram, eles receberam medicamentos, curativos e alimentação.

O trabalho tem como principal objetivo recuperar os animais para que eles possam retornar ao habitat natural. O caso dos dois lobo-marinhos foi mais um em que a equipe do Ceram cumpriu a missão. Na manhã da última quinta-feira (22), o médico veterinário Derek Blaese fez o último exame nos lobinhos e confirmou que eles estavam em ótimas condições.

Iniciava a operação para devolvê-los à natureza. Antes de iniciar a viagem, os lobinhos ainda tiveram uma boa refeição com peixes frescos.  Uma equipe formada pelo médico veterinário, tratadores, estudantes e motorista estava mobilizada.

Com luvas e outros equipamentos de proteção, eles transferiram os animais de um viveiro para uma gaiola, colocada sobre o reboque preso à caminhonete do Ceclimar. De Imbé, a equipe atravessou a ponte Giuseppe Garibaldi, ingressou na Avenida da Igreja e depois na Avenida Flores da Cunha, em direção à Zona Sul de Tramandaí.

No início do trajeto, os lobos-marinhos pareciam curiosos, mas logo se acalmaram e, em poucos minutos, chegaram ao destino: a beira da praia de Tramandaí próximo ao limite com Cidreira, um trecho sem nenhuma movimentação nesta época do ano. O local é um dos mais utilizados para realizar a soltura de animais marinhos que passam por reabilitação.

Veja em vídeo como foi a soltura dos lobos-marinhos

A gaiola foi colocada no chão e aberta. Com auxilio de um puça (cesta de cordas presa a um cabo), o médico veterinário e a tratadora Ruth Oliveira iniciaram a parte final da missão: conduzir os lobos ao mar. Eles foram avançando com calma até que os animais chegassem na água.

“Tem uns que demoram mais para entrar no mar, outros entram rapidinho”, disse Ruth ao Litoral na Rede. O veterinário Derek Blaese alertou que este procedimento é feito com os animais que passaram por reabilitação e que as pessoas não devem, em hipótese nenhuma, se aproximar ou tentar conduzir lobo ou leões-marinhos para a água. “Esses bichos param na areia para descansar”, lembrou.

Poucos minutos depois de aberta a gaiola, os dois lobinhos já estavam avançando as ondas e seguiram a viagem. No inverno, os animais dessa espécie migram das colônias reprodutivas na costa do Uruguai para o Litoral Brasileiro em buscas de alimentos e águas mais quentes.

“Toda soltura é gratificante. É a conclusão de um trabalho feito durante vários dias ou alguns meses, dependendo do animal que estava dentro do Centro de Reabilitação” concluiu o médico veterinário.

Ceram realiza em média 400 atendimentos por ano

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O médico veterinário Derek Blaese e tratadora Ruth Oliveira durante atendimento a um pinguim. Foto: Litoral na Rede
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Rut trabalha há 30 anos no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos. Foto: Litoral na Rede

O Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (Ceram) em Imbé realiza em média 400 atendimentos por ano. O período entre julho e setembro é o de maior demanda em função da migração de espécies de pinguins, lobos e leões-marinhos para o Litoral Brasileiro.

“Nessa época do ano a gente tem dois visitantes bastante comuns, que são o lobo-marinho-sul-americano e o pinguim-de-magalhães.  Os lobos-marinhos vêm, normalmente, das colônias reprodutivas do Uruguai, e os pinguins vêm das colônias reprodutivas da Argentina”, explicou o médico veterinário Derek Blaese.

Segundo Derek, muitos desses animais estão fazendo a migração pela primeira vez em busca de alimentos no Litoral do Brasil. “Param na praia debilitados e alguns sofrem com alguma ação antrópica, alguns chegam com algumas lesões causadas por redes, alguns com lesões inespecíficas”, detalhou.

O médico veterinário salienta que o tempo de permanência do animal no Ceram é o mínimo possível e que a equipe evita qualquer tipo de domesticação de espécies silvestres. “A gente tem que fazer todo o tratamento, para fazer a soltura com plenas condições de o animal sobreviver na natureza. Ele tem que estar apto a fazer a captura do alimento dele e também de fugir dos predadores”, explicou.

A tratadora Ruth Oliveira é a mais antiga funcionária do Centro de Reabilitação, trabalha há 30 anos no Ceclimar. Ela já perdeu a conta de quantos animais ajudou a salvar nessas três décadas de trabalho. “A gente sempre pensa em salvar. Às vezes, tu não consegue, mas quando consegue é muito bom”, disse Ruth.

Apesar de tanto tempo dedicado à atividade, a tratadora ainda se mostra muito empolgada com a profissão. “Eu gosto bastante, já estou triste porque (em breve) vou ter que me aposentar”, afirmou.

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