A Lagoa dos Barros, localizada entre os municípios de Santo Antônio da Patrulha e Osório, é conhecida por muita gente, devido a sua beleza, lendas e mitos, que há décadas fazem parte das histórias de moradores e veranistas. Mas, desde a última semana, a preocupação é outra: a cor da água mudou, está esverdeada e materiais gelatinosos apareceram às margens da lagoa.
Em entrevista ao Litoral na Rede, o biólogo e coordenador do Vigiágua (Programa de qualidade da água para consumo humano) de Osório, Elvis Noronha Cardoso, declarou que o acúmulo da sujeira e a coloração verde impressionam. “A sujeira tem um aspecto gelatinoso, não tem cheiro. Só no lado de Osório, tem aproximadamente 1 Km de extensão. Felizmente, não temos registros de mortandade de peixes”, informou.
Elvis disse ainda que amostras do material foram coletadas e que serão encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública, em Porto Alegre. O objetivo é saber o grau de toxicidade. A suspeita é que sejam dejetos fecais. “Nossa suspeita é de crime ambiental. A poluição pode ter sido provocada pelo descarte desse material por algum caminhão limpa fossa, de banheiros químicos. A cor verde indica que algum produto sanitário químico foi utilizado para neutralizar o odor”, afirmou o biólogo.
Do outro lado da lagoa, em Santo Antônio da Patrulha, a situação não é diferente. O departamento de Meio Ambiente (DMA) do município também está realizando coletas periódicas e enviando para análise. Conforme a diretora do departamento, a bióloga, Jordana Borba, os resultados ainda não são conclusivos. “Nós estamos buscando contato com pesquisadores da área para identificar a espécie causadora da floração”, afirmou.
De acordo com a Prefeitura do município, a pesquisadora Vera Werner, do Museu de Ciências Naturais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura, identificou a espécie de cianobactéria (Dolichospermum planctonicum), que está em floração na Lagoa dos Barros.
A pesquisadora informou que este tipo de espécie pode produzir toxinas. “O que estamos tentando descobrir, é se cianobactéria está de fato produzindo toxinas”, explicou.
Vera alerta que as pessoas não entrem na lagoa, não tenham contato direto ou indireto com a água, nesse momento. “Houve a proliferação pela disponibilidade de fósforo e nitrogênio na água, devido a estiagem e temperatura”, declarou.
A bióloga Jordana Borba informou que ainda não saíram os resultados das análises físico-químicas. “Deve chegar até sexta-feira, quando poderemos ter uma resposta completa sobre o que está acontecendo na Lagoa dos Barros”, finalizou
A Patrulha Ambiental da Brigada Militar e a Emergência da Fepam também estiveram na Lagoa dos Barros, na última semana, com a equipe do Departamento de Fiscalização da Fundação. “As equipes fizeram coleta da água e aguardam o resultado das análises para apontar a causa da coloração esverdeada. Não houve registro de mortandade de peixes”, informou a Fepam através de nota.